ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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GERARDO DINIZ

 

BELLE ÉPOQUE

 

A esta hora se incendiaban los grandes bazares parisienses a fines de siglo.
(¡Qué alta columna de esporas en la otra orilla:
caballeros volterianos
cajas de papel de Armenia,
rollos de pianola,
religiosas con papalina,
petits fours!)

No escapaba ni una rata.

                             Pero nosotros
beneficiarios de la consagración de la gimnopedia,
amos, dentro de lo posible, del reactivo de Grignard
(ni hablemos del licor fumante de Cadet)
- aunque purgados oportunamente desde China por las Grandes
Odas, y por la bancarrota del cientificismo:
desde hace sesenta y cinco años casi nunca vemos el universo como
     una mesa de billar -
ya sin miedo a la libertad,

edificados - asimismo - por Mons. Fulton J. Sheen,
a veces nos sentamos al fresco para evocar con harto calor humano
     aquello de la Montagne Pelée
mientras pulsamos no sin prudencia hoyuelos lumbares, deseables
como una defenstración de burócratas.



BELLE ÉPOQUE

 


A esta hora se incendiavam as grandes lojas parisienses em fins de século.
(Que alta coluna de esporas na outra margem:
cavaleiros volterianos
caixas de papel da Armênia,
rolos de pianola,
religiosas com toucas,
petits fours!)
Não escapava nem um rato.
                                  Porém nós
beneficiários da consagraçãon da gimnopédia,
donos, dentro do possível, da reação de Grignard
(nem falaremos do licor fumante de Cadet)
- embora expiados oportunamente desde a China pelas Grandes
Odes, e pela bancarrota do cientificismo:
desde há uns sessenta e cinco anos quase nunca vemos o universo como
     uma mesa de billhar -
já sem medo à liberdade,

edificados - assim mesmo - por Mons. Fulton J. Sheen,
às vezes nos sentamos
al fresco para evocar com farto calor humano
     aquilo da Montagne Pelée
enquanto pulsamos não sem prudência covinhas lombares, desejáveis
como uma defenestração de burocratas.

 

*

 

Tradução: José Arnaldo Villar

 

 

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Gerardo Deniz nasceu na Espanha, em 1943, mas tem vivido a maior parte de sua vida no México. Publicou, entre outros livros de poesia, Adrede (1970), Gatuperio (1978), Enroque (1986) e Picos pardos (1987). Com o pseudônimo de Juan Almela também publicou trabalhos de crítica e tradução. Participou da antologia Medusário, organizada por José Kozer, Roberto Echavarren e Jacobo Sefamí.

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