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FEDERICO GARCÍA LORCA

 

 

 

CANZÓN DE CUNA PARA ROSALÍA DE CASTRO, MORTA

¡Érguete, miña amiga,
que xa cantan os galos do día!
¡Érguete, miña
amada,
porque o vento muxe, coma unha vaca!

Os arados van e vén
dende Santiago a Belén.
Dende Belén a Santiago
un anxo ven en un
barco.
Un
barco de prata fina
que trai a door de Galicia.
Galicia deitada e
queda
transida de tristes herbas.
Herbas
que cobren teu leito
e a negra fonte dos teus cabelos.
Cabelos que van ao mar
onde as nubens teñen seu nidio pombal.

¡Érguete, miña amiga,
que xa cantan os galos do día!
¡Érguete, miña amada,
porque o vento muxe, coma unha vaca

 

CANÇÃO DE NINAR PARA ROSALÍA DE CASTRO, MORTA

Ergue-te, minha amiga,
que cantam os galos do dia!
Ergue-te,
minha amada,
porque o vento muge, como uma vaca!

Os arados vão e vêm
de Santiago a Belém.
De Belém a Santiago
um anjo vem em um barco.
Um barco de prata fina
que traz a dor de Galiza.
Galiza deitada e
queda
transida de tristes ervas.
Ervas que cobrem teu leito
e a negra fonte dos teus cabelos.
Cabelos que vão ao mar
onde as nuvens têm o seu ninho pombal.

Ergue-te, minha amiga,
que cantam os galos do dia!
Ergue-te,
minhas amada,
porque o vento muge, como uma vaca!


in
Seis poemas galegos, 1935 

  
*
 

Traduções: Fábio Aristimunho

 * 


Federico García Lorca (1898-1936). Escritor espanhol, membro da chamada Geração de 27, foi autor de uma obra essencial em língua castelhana, da qual se destacam os livros Romancero gitano (1928), Poeta em Nueva York (publicado em 1940) e Llanto por Ignacio Sánchez Mejía (1935). Morreu fuzilado, em 1936, no contexto da Guerra Civil Espanhola. Lorca escreveu um pequeno conjunto de poemas em língua galega, chamado Seis poemas galegos (1935), como reflexo de suas visitas à Galiza e do contato travado com intelectuais galegos e com a comunidade galega da Argentina, para onde viajou em 1933. Seis poemas galegos ajudou reforçar o mito que envolve a figura do poeta Lorca e a consolidar a imagem de maturidade da poesia galega, mas há quem considere, não equivocadamente, como superestimada a importância desse livro para o conjunto da literatura em língua galega.

*

 

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