ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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WILMAR SILVA

 

 

 

 

ATLAS

 

nem one nem um nem eins nas mãos

nem two nem dois nem zwei nos pés

nem three nem três nem drei nos pés

nem four nem quatro nem vier nos pés

nem five nem cinco nem fünf nos pés

nem six nem seis nem sechs nos pés

nem seven nem sete nem sieben nos pés

nem eight nem oito nem acht nos pés

nem nine nem nove nem neun nos pés

nem ten nem dez nem zehn nos pés

cem eleven cem onze cem elf mil mãos cem mil pés

 

 

Brazil Brasil Brasilien

 

 

 

SÃO POEMA

 

Ão Poema na cabeça

Ão Poema nas costas

 

Ão Poema nas

Pernas nos

Pés

 

Ão Poema no meio ao peito

Ão Poema nas mãos aos cãos

 

ãosãosãosãosãos

 

Sãonão Poemas os rastos

Sãoão Poemas onde eu

 

Cê ande

 

 

 

MENINO JESUS É REI

 

Alvez eu screva um oema epois do atal

E alvez eu screva um oema epois da assagem

E ode ser que o oema ale de uzes e ão de rzes

E do eregrino que asceu na strebaria e ndou

Luminado elo undo de elém e epois

 

Orreu na ruz ara alvar os omens Alvez

Eu screva um oema que ale de az Alvez

A az eja um írculo de strelas adentes

Aindo ozinhas ao éu huviscam a oite

Que é iva e ediviva de aga-umes

 

Leluia, enino esus é ei-

É ei, É ei, Ér Rei.

 

 

 

ARCO-ÍRIS

 

O Cavalo não é olavac

O Pássaro não é orassáp

E

 

O Menino não é oninem

Mas o menino é um olavac

E quando vira cavalo

 

V

ira arassáp

 

 

 

FOICE

 

Foi Foiçar e Foiçou os pés e os pés

Ficaram Foiçados sem os dedos foi Foiçar

Os dedos entre abóboras e a abóbada Foiçou

A vista foi Foiçar a vista nas pálpebras no meio

Às retinas As íris é que Foiçaram as estrelas imagin

Árias foi Foiçar o imaginário e o imaginário é que

Foiçou a constelação de pensamentos foi Foiçar

Os pensamentos e os pensamentos é que Foiçaram

Os cabelos foi Foiçar os cabelos e os cabelos é que

Foiçaram a cabeça foi Foiçar

 

A cabeça e a cabeça Foiçou o Céu

E o Céu O cerebelo.

 

 

 

O MISERÁVEL

 

A todos eu pudesse escrever os poemas

Como se escreve Tijolos Paredes Fogo Camas

Tecidos Os corpos que vivem As casas

Onde os corpos andam e param como fossem

A mesa O campo de arremessos As bocas

Que falam As palavras mais quentes e Também

As mais frias A todos eu pudesse escrever

Os poemas invioláveis a estranhos mundos

Mesmo que fosse a você A miserável Eu

Pudesse escrever os poemas A palavra casa

Que fosse mais que casa pernas andando lá

Dentro Rudes como As pedras líquidas

Que evaporam A todos eu pudesse escrever

Os poemas e depois me abandonar

 

 

 

APÊNDICE ZUTIQUE

 

 

A Jade

 

      midhén

zut énas endes A é inimigo rumor

zut dío indez B é nimigoi rumor

zut tría indez C é imigoin rumor

zut téssera indez CCedilha é migoini rumor

zut pénde indez D é igoinim rumor

zut éksi indez E é goinimi rumor   

zut eptá indez F é oinimig rumor

zut októ indez G é hímeng rumor

zut enniá indez H é homeng rumor

Í ndexendez dékadez é amorinimigo rhumor

 

j11k12l13m14n15o16p17q18r19s20t21u22v23w24x25y26z27

 

 

 

POEMA BRANCO

 

Ão assim, assim não.

Ão, sim, assim não. N

ão, sim.

 

Assim você é. Perfeito.

E você tem que ser é. Puro,

Sendo Im-

Puro.

 

Ão assim, assim não.

Ão, sim, assim não. N

ão, sim.

 

Assim você é. Perfeito.

E você tem que ser é. Puro,

Sendo Im-

Puro.

 

Ão assim, assim não.

Ão, sim, assim não. N

ão, sim.    

 

 

 

OLHOS

 

 

Ol

Hei os meus yeux e v    e v   

I os meus ojos e não os I os yeux 

Olhos meus                   ojos olhos

 

Ol

Hei os meus yeux e v    e v

I os meus ojos e não os I os yeux

Olhos meus                   ojos olhos

 

Ol

Hei os meus yeux e v    e v

I os meus ojos e não os I os yeux

Olhos meus                   ojos olhos

 

 

 

LAJE

 

e depois de bater a laje vem esse temporal

e depois desse temporal vem os pés sobre a laje

sobre a laje os olhos a verter águas de arco-íris

e cristalino sobre a laje

as íris as membranas as retinas as imagens

os olhos de lince para o lince olhar a laje

os estragos da chuva na laje

e depois a laje pisada e vista

a laje meio a meio e virgem a laje

a laje para o cume

o cume da laje para o meu pássaro rouxinol

sim a casa para a chuva a constelação de sóis e luas e estrelas

 

a colheita de canários

e o plantio das palmas e plantas
 

 

*


Wilmar Silva é autor de "Estilhaços no Lago de Púrpura", "Cachaprego", Arranjos de Pássaros e Flores", etc. "Yguarani", prelo, Cosmorama Edições, Portugal. Fundou a Anome Livros, norteada a publicação de poesia de língua portuguesa. Curador do projeto de poesia Terças Poéticas, Secretaria Estado Cultura Minas Gerais, parceria Suplemento Literário e Fundação Clóvis Salgado.

*

 

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