ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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MARCELI ANDRESA BECKER
PAULA FREITAS

 

 

 

 

— BELLYCOS —

 

I

 

ar entrava

pelas

 

guelras, garras

(guerra?)

 

inflavulva, con

sumia-se

 

sangue

(físicosfera)

 

pelos são nomes

próprios

 

em mim há um corpo

que não pertence

 

(pouco:)

 

femmesimbiose (cor)roída

obstáculos

 

 — miúdos —

 

em mim há um signo

não sei

 

: o poema

pomba solta

do des

aparecer :

 

*

 

rompe-se em silêncio

interior

 

do peixe

 

(sangra):

 

agarrá-lo

pelas

 

guelras, o ar descama

a noite

 

no homem que respiro

 

*

 

esta é minha artilharia órfã

 

furo, forte de endométrios

vietcongues

 

roda punk

o olho

 

furacão, meu bate-cabeça

cármico

 

este é o tempo

em que o aquário quebra-se

 

pés sobre

 

cacos

minas

 

mais de vinte mil

meninas

 

que se abriram

(portas!)

 

suas mutilações

menarcas

 

artefatos

belly

 

cos

 

*

 

então estar

vacío

 

útero

(lugar?)

 

perma

necer é

senão

 

esva

ir-se?

 

dentro de um

cravo

 

cavo melancolia

febril

 

espaço

 

entre                                                     lesmas

 

não

morar

em

sonhos

 

II

 

enquanto

 

outro lado

do poema:

 

todas as mulheres não fui

 

organizam missas

acordam-se à noite

 

va

              ra   

das

 

pelos mistérios do te deum

mel/álcool/ia

 

o homem que oro

 

há um corpo

que pertence

 

(um copo:)

 

cava o coração

sem a hora

 

de:

 

be

 

lo

 

*

 

uma flecha

 

sai

do peito

 

&

volta

 

: : : : : :

detona-SE

:  :  :   :  :  :

 

retrato

anjo

 

&

labareda

 

dançar de lâmina-sangue

res

luzida

o

 

V

a

Z

i

O

 

(insustentável                                                            luz negra)

     derrocada                              elipse de

                                                                     

: com o

cabo da

faca

em

forco

me :

 

*

 

esva

ir-se

 

(não-lugar?)

 

trança de cordões

umbilicais

 

sai

do ilhós

 

&

e volta

 

no espartilho aperta

fístulas

 

: o poema

pomba presa :

 

porque estouro, estremeço

atravesso deus

 

seu voo inescrutável

 

mas depois

o enfaixo

 

(como fazem com bebês

recém-nascidos)

 

 

III

 

digo-te, ser

pentes

ou

ser

mentes

 

a placenta viva

vietcongue

 

desdobra-se

 

o homem torturo

 

(movimento

coação)

 

: pomba solta pomba

presa pomba

solta pomba

presa pom

ar :

 

*

 

na superfície

respirazia

 

(cogito: estou aqui?)

 

extrair sem calma

oráculos

do filho morto

signo-porra

buceta-linguagem

 

ter teias

atreladas ao

tato

tarântulas inteiras

intrínsecas

(escravos)

 

explorar covos

quadris em transe

 

 meia-arrastão

crua

 

embriogênese em

nós

 

boca:

 

não a que fala

mas a que ouve

renúncias

 

calem-se

eu já disse!

calem-se

fechem as mal

ditas portas!

 

IV

 

em tempo

veria os dois lados

do plano

 

o homem calculo

ânus

0 a infinitos

NÃOS

 

vulva

0 a infinitos

SINS

 

(em tempo)

 

o períneo

0

 

limbo

lambe

 

o fio da vida

 

ponto                                                                                     cego

 

(onde?)

a tesoura aberta

o meio

 

de suas pernas

 

*

 

0 a infinitos

NÃOS:

 

seria preciso

incendiar

 

este vale nenhuma-cor

este rosário

 

de contas ocas

o olho

 

furacão, meu colo

colón

 

(calem-se!)

 

seria preciso

gritar

 

neste fim de mundo

 

nesta noite que se abriu

em pleno vietnã

 

líquida

lacto

bacílica

 

flora

 

nenhuma-seiva

 

*

 

0 a infinitos

SINS:

 

tórridas mansões do

desespero

amniótico

 

buceta, sagrada platina

 

: com os pés e tentáculos

assomo-me :

 

pelo fio d’alma

rela costela de adão

nasce lúcifer

 

(a mulher sem costelas ar

rota)

 

que se pode fazer

senão

di

lu

 ir?

 

sou palacete púbico-verbal

conquanto

isto

aqui

 

*

 

(onde?)

 

ponto                                                            cego

 

ilumina-se

 

a tesoura aberta

o meio

 

de suas pernas

 

luz

em

luz

 

: : : : : :

mutila-SE

:  :  :   :  :  :

 

*

 

homem que armo

 

conquanto

isto

nenhum lugar

 

V

 

: poema-gira

pomba :

 

roda cármica

o olho

 

cego, que tudo vê

 

*

 

desde então dormimos

longamente:

 

as mal

ditas portas

 

da gaiola

batem-se

 

como se alguém soprasse

outro lado

 

do poema:

 

todas as mulheres numa

todas as mulheres fui

 

(mulher-morte)

 

*

 

em mim há corposigno

abre-se, não

 

asas-de-nenhuma

 

ar-entrave

pelas

pelos

nelas

 

: o poema

des

aparecer :

 

 

Marceli Andresa Becker

Paula Freitas

Entre maio e agosto de 2012

 

*

 

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