ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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EMMY XYX

 

 

 

 

CONTAR SEGREDOS

 

Contar um dia ser grego

contar segregos infinitos

um por um, viver do rego

em chuva de meteoritos

 

A gregória vem sem glória

nesta quinta categoria

contar segredos ou contar a história

fica-se nesta alegoria

 

Ser grego quem conta sem medo?

Conta em que canto a saia curta?

Consta que santo perdeu e cedo

segreda ao poente a fruta

 

Crer segredos

impôr degredos

construir segregos

comungar de gregos

desencontrar medos

desapontar dedos

erguer congregos

contar cem gregos.

 

 

 

ARCO

 

Arcou-se.

Do arco saiu a medalha

da medalha

saiu o vinho

que vitimou centenas

sem telhas

 no ar…

E a coroa

sepultou a rainha.

 

 

 

AQUELE QUE FOI

 

Aquele que foi

o teu retrato

de ti resta um pouco.

Um pouco que se abre

na frescura do teu sentimento

aboles-te com secura

a lança atira

e atiça

no meio dos bosques

mas não alcança

porque não pode

apagar a ânsia

que move e rói

a roda que gira

o compasso da vida.

 

 

 

AFOGA-TE EM MINHAS ÁGUAS

 

Afoga-te em minhas águas

o fogo que trazes em ti

banhando expulsas as mágoas

sabes bem que nem te menti

 

A força empurra as tranhas

que o foco disfarçado engana

mas quem sabe todas as manhas

vê sem precisar ter calma

 

mas o afago não afoga o fogo

água ardente o combustou

Raios faúlhas fazem o jogo

Que até hoje não terminou…

 

 

 

ABUTRES ACÚSTICOS

 

Abutres acústicos se abnegam

Com as silas tones que se apagam

Na contrariedade dos conformes

Túsias armadas como a que tivemos

 

Albergar a bengala que lateja

Com os silos abstentos acetílicos

Não sabem mais ao que o cume ortiga

Vivem bem com o perfume dos gentílicos.

 

Comem e correm na patuscada

A alegria de querer ou não ceder

Com os reptícios da luz armada

Luza zula como quem deve temer

 

Ao longe vê-se o romper da aurora

Vista de cima da ponta da cripta

Com a pressa de quem demora

Levanta o dom galo a sua crista.

 

 

*

 

Emmy Xyx, pseudônimo de Maria Manuela da Costa Xavier, nasceu em 1958. É cronista, poeta e contista. Prepara o livro de poesia Contar ser gregos e tem um livro de prosa no prelo intitulado Espelho.

*

 

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