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UM POEMA DE DÉCIO PIGNATARI TRADUZIDO PARA O INGLÊS POR AUGUSTO DE CAMPOS




 

NOTA SOBRE A TRADUÇÃO 

Depois que Décio Pignatari morreu, tive a ideia de traduzir o poema UM MOVIMENTO para alguns idiomas, com o objetivo de torná-lo mais conhecido no exterior. Poucos sabem que o texto original é do Haroldo e não do Décio, que nele   fez uma “operação cesariana” (como Pound chamou a drástica intervenção que realizou no  “Waste Land”, de Eliot) e o transformou num novo poema. Recortou o texto em ousados ”enjambements”, de forma a obter a coluna central de MM, numa espécie de mesóstico pré-cageano. A carta que Décio me enviou  de Munique, datada de 22-23 de novembro de 1955, com a linha vertical do poema  bem demarcada, evidencia a reconstrução do poema, que ele assinou inicialmente “Haroldo Pignatari Décio de Campos”. Portanto, o  poema não é de abril de 1956, como está em POESIA POIS É POESIA, mas anterior àquela data. No Rio, onde fui convidar os poetas Ronaldo Azeredo, Ferreira Gullar e Wlademir Dias Pino para participarem da Exposição Nacional de Arte Concreta, lançada no Museu de Arte Moderna de São Paulo em dezembro de 1956, mostrei-lhes o poema. Quando faltavam poucos dias para a abertura da exposição chegaram-nos as colaborações de Gullar  e de Wlademir. Deste,  os poemas-cartazes de  SOLIDA, em que todas as letras eram dispostas na vertical. Clara influência de UM MOVIMENTO.  Aí está um belo exemplo da habilidade e do faro poético de Pignatari, inventor de inventores. Por coincidência, uma das últimas frases que ouvi de Décio, em nosso derradeiro encontro, neste ano, foi (pleonasmo enfático): MOVIMENTOS MOVIMENTAM.

AUGUSTO DE CAMPOS, 2013

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