ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

“UMA POESIA SOLAR: AQUELA QUE DIALOGA

COM O MISTÉRIO DA SEMENTE”.

UMA CONVERSA COM JOÃO MAIMONA.

 

 

“O traço fundamental de um inventário possível reside no uso de uma linguagem que resulta das formulações fragmentadas da língua diária. (...) Pode assim dizer-se que poesia é o espaço privilegiado para redimensionar o diálogo com o mundo. É o único espaço onde é visível a dimensão interior da palavra.” João Maimona, uma das vozes mais inventivas da poesia contemporânea em Angola e uma das referências mais fortes para os autores que estrearam a partir da década de 1990, conversa com Abreu Paxe sobre o seu processo criativo, sua mitologia pessoal, suas leituras e o ambiente literário no país africano, que hoje desenvolve uma das literaturas mais expressivas da língua portuguesa. João Maimona é médico veterinário, professor, poeta, militante político e parlamentar. Sua formação literária e cultural, como observa Paxe, mescla influências europeias, e em especial portuguesas, francesas e belgas, com a herança bantu. É um poeta “da fronteira”, que consolida, conforme a definição precisa de Gilbert Durand, “as estruturas antropológicas do imaginário”.  Em livros como Idade das palavras (1997), Festa de monarquia (2001) e Lugar e origem da beleza (2003), o poeta cria um fascinante idioma particular, em que as imagens, metáforas e sua dicção única alteram o sentido habitual das palavras e sua relação com o mundo, explorando novas dimensões da sensibilidade e da imaginação e criando novas realidades poéticas.

 

 

Zunái: Ao olharmos para os títulos de seus livros, incluindo o de teatro, temos a sensação de que você busca a mudança, de que algo precisa ser reiventado, transformado, alinhado. Você dá nomes novos aos sentidos que perceberíamos da mesma forma; são os casos de Trajectória obliterada, Traço de união, Diálogo com a peripécia, As abelhas do dia, Quando se ouvir o sino das sementes, Idade das palavras, No útero da noite, Festa de monarquia, Lugar e origem da beleza, O sentido do regresso e a alma do barco. Fale-nos da textura desses títulos, que estruturam, sem obliteração, a sua obra artística.

 

João Maimona:  Entrei no mundo da literatura com um sinal de esperança no rosto propondo o título TRAJECTÓRIA OBLITERADA. Com esta coletânea de textos acabava de iniciar uma digressão que considero, hoje, suficientemente maravilhosa com sentido de rigor e perspectiva crítica; pude reunir uma dezena de títulos que apresentam um conjunto paisagístico com pormenores de mensagens… Da realidade de construção/destruição ao tecido de alegria /pessimismo, passando por instantes vazios/plenos e até de inesperadas congruências. Ao longo dessa viagem, procurei orientar os meus passos para a aquisição de instrumentos linguísticos em constante transformação. A magnitude da minha gramática da criação encontra seu suporte na intimidade que procuro manter com a imagem que vem do cotidiano, através de um olhar lúcido e sem ambiguidade. Uma boa parte dos textos que conformam estes títulos parece celebrar o capital que inventei. Para sustentar o que acabo de afirmar, tomo a liberdade transcrever na íntegra a nota do autor livro LUGAR E ORIGEM DA BELEZA:

 

Fidelidade gramatical oblige, procurei revisitar a minha obra poética. Na pequena história da arte moderna, o que ofereci à sociedade, descobri uma odisseia textual. Redescobri as vias e as árvores – paisagem que sugerem uma esperança crescente. Redescobri também a presença do véu.

 

A greve e o repouso dos navios. E veio o sentido da musicalidade. A multiplicidade de exemplos de adjetivação, patentes na minha obra, reafirmava o meu desejo de concretização de um projeto com função gramatical: homenagear, em percursos da expressão sugestiva da metáfora, da metonímia e do símbolo, um magnifico tempo verbal: o pretérito imperfeito do indicativo. E decidi oferecer à sociedade, por escrito e em universos poéticos, este LUGAR E ORIGEM DA BELEZA.

 

 

Zunái: O infinito, o invisível, o imperceptível, o incessante, o inarticulado, o inconsciente, tudo isso organiza os sentidos de percepções e pode ajudar a revelar o corpo e a textura de seus poemas como que a exaltar a infância do cotidiano na promessa do poema. É aí onde busca ou encontra a idade das palavras?

 

João Maimona:  Em março tive o privilégio de me beneficiar de uma bolsa de estudos da FAO com a finalidade de aperfeiçoar os meus conhecimentos em matéria de diagnóstico das doenças de espécies pecuárias, provocadas por vírus. Pude frequentar os melhores centros de investigação veterinária em França, Camarões e em Portugal. Durante essa estada de formação, verificou-se uma escassez de contato com a escrita. A relação com a poesia revelou-se dívida. Após a formação, pus-me a reler o meu passado recente. Voltei a entrar em relação com a palavra poética. O desejo de projetar a palavra como rosto da poesia foi crescendo. Idade das palavras nasce desse desejo. Um longo poema que procura recusar a desesperança e estimular o otimismo. Identifiquei a idade das palavras numa das portagens da novíssima trajetória obliterada. 

 

 

Zunái: É evidente a “fronteira” (Lotman) em si e na sua poesia, pelo seguinte: situa-se no cruzamento, por um lado, entre a língua e cultura franco-belga e a língua e cultura portuguesa, e por outro, entre essas línguas e culturas europeias e as líguas e a cultura bantu. Até que ponto acha que estes cruzamentos consolidam “as estruturas antropológicas do imaganário”(Gilbert Durand) como fronteiras, por uma lado, que o identificam pela herança colonial e, por outro, que o identificam pela herança do reino do Kongo, repartidos na experiência de viveres no atual Congo Democrático e em Angola, seu país natal? Será que é aí onde está o sentido do regresso e a alma do barco? A ser isto, como acha que regressou?

 

João Maimona:  Nascer em Angola. Integrar o contingente de refugiados angolanos no Congo – Léopoldville. Receber a formação na língua de Molière. Regressar à terra natal e formar-se em Medicina Veterinária. O contato com a língua de Camões: um percurso de elevado significado histórico. Enquanto trajetória, a obliteração que a caracteriza chega a definir a coerência histórica do processo de regresso. Aqui, o regresso é sinônimo de percorrer caminhos humanizantes. O prazer de viver um período de mudança de paradigma em termos de compromisso. É o início de uma caminhada construtiva ao serviço da nação angolana. Se o regresso é um enorme invólucro de desafios, acredito, graças a uma pedagogia do sucesso, ter conseguido superar inúmeros obstáculos ao longo do meu percurso. O regresso facultou-me a predisposição em cultivar o desejo de dissipar dúvidas de crescer e vencer, de dilatar convicções e consolidar ambições. Onde há sentido de regresso, há sempre grandeza de alma e um barco porei espantosas explorações.

 

 

Zunái: A sua poesia é “ergódica” (Aarseth), embora seja feita em suporte escrito. A mecânica do mesmo convida o leitor a participar da sua construção. Notamos que ela estrutura fortes imagens que, por um lado, ligam-se ao texto da tradição oral e, por outro, a outros textos artísticos. Ouve-se aí o sino das sementes. O que guarda como inventário da origem na reorientação da estética da poesia, e não só, angolana?

 

João Maimona:  Olhar para a poesia como reitor de comunicação. A poesia que nos vem, por exemplo, da FESTA DE MONARQUIA. Uma osmose entre uma enorme rede de verbos e os espaços musicais que lhe estão associados. Aqui, o objeto privilegiado de inspiração do poeta é a noite de cesura. Aquela noite que nos obriga a olhar o nosso habitat com alguma suspeita. O traço fundamental de um inventário possível reside no uso de uma linguagem que resulta das formulações fragmentadas da língua diária. São visíveis enunciados que nos remetem para um ambiente de ansiedade. É como se tivéssemos recebido a informação segundo a qual o rio da nossa aldeia natal seria navegável dentro de oito anos. É a poesia do real cotidiano moderno. Uma poesia solar: aquela que dialoga com o mistério da semente que nos proporciona alegria, felicidade e sobretudo, fortaleza interior.

 

 

Zunái: Como falar de poesia ou o que é poesia? Qual das formas prefere, para tratar de um assunto tão sério como é a poesia, vista numa cultura em que com um traço de união ela se vai libertando gradativamente do papel?

 

João Maimona:  Poesia: um quadro de fascínio. O fascínio da aventura no bom sentido. O ensejo de elucidar o dever de memória. Caminhos para uma tentativa de resposta. Pode assim dizer-se que poesia é o espaço privilegiado para redimensionar o diálogo com o mundo. É o único espaço onde é visível a dimensão interior da palavra. É o único espaço onde é palpável a hierarquia de estruturas verbais. Infelizmente, hoje em dia, pouca gente lê poesia. As editoras viraram as costas à poesia. As editoras africanas conseguem fazer a diferença. Os títulos felizes são divulgados com uma tiragem elevada: mais de mil exemplares; o que é raríssimo na Ocidente. Eu continuarei a afirmar que o futuro da poesia universal está em África. O continente negro aparece com propostas poéticas fascinantes.

 

 

Zunái: Sendo artísta, professor, médico e político, como é que você se reparte no ato criativo, ou tudo isso estrutura a sua linguagem artística, devolvendo-o o objecto, a memória e a imagem para a sua construção artística e o fazer a festa de monarquia?

 

João Maimona:  Faço parte de uma geração de autores com obras que permitem o estabelecimento de uma hierarquia estética onde se pode isolar bons e mais destacados escritores. É uma geração que surge com propostas que apresentam um projeto de literatura. Iria então falar da minha obra poética. A chave do meu sucesso, sucesso de público e de crítica literária, reside, por um lado, na existência, bem palpável em meus textos, de um projeto de literatura cujo fundamento primordial é o estabelecimento da ponte entre o clima espiritual do meu habitat e a língua que nele se vai desenvolvendo. A chave do meu sucesso reside, por outro lado, na perseverança (que cultivei durante a infância e mocidade), na intensidade do trabalho, volume de estudos, nível de pesquisa e tamanho de contatos. Vejamos: levei uma década inteira (75-84) escrevendo a poesia que iria surgir na segunda metade da década de 80. O fundamental nessa caminhada é entregar-se ao trabalho de reinvenção do ambiente para caminhar de maneira prudente para a descoberta de novos horizontes. Adotar um discurso seguro com os instrumentos que lhe são próprios. Sinto-me feliz por produzir uma poesia declarada, com enorme sentido de contenção na forma de expressão. São palavras recolhidas nas reminiscências de uma adolescência pacífica e comunicante. E surge o prazer sazonal de reler a poesia que produzi na estação anterior. A poesia plena. Onde alguns pormenores linguísticos se vinculam essencialmente ao feeling de dizer o passado. O poeta assume-se como protagonista de conquistas que associam identidade e continuidade.

 

 

Zunái: Neto, filho, marido, pai, avô, ajuda-nos a construir esta árvore geneológica como as abelhas do dia, ligando-se a ela.

 

João Maimona:  Acabo de reler Trajectória Obliterada. Uma re-leitura que me proporcionou o instante de redefinir a minha situação como neto, filho, marido, pai e avô. Instante feliz por sublimar um valioso caudal de lembranças, instante feliz por confirmar ou reconhecer a nossa postura ou reconhecer a nossa postura pública como neto, filho, marido, pai e avô. Na década de 90 do século anterior, escrevi uma crônica com o título Talvez sejamos todos católicos. Uma belíssima metáfora que me coloca numa estrada onde tenho a faculdade de observar o Homem construindo e destruindo o ambiente. Uma metáfora que nos diz que cada um de nós pode desenvolver-se por dentro e por fora. Num encontro com a liberdade, o encontro com a tomada de consciência, o encontro com a sinceridade, a honestidade e a solidariedade. Como filho, gosto do instante em que sinto a necessidade de reler a minha infância porque está sempre presente na minha memória. A coisa mais importante é acreditar em Deus a partir do dia do batismo e receber a bênção perante Deus é encantador. No dia do meu batismo, fui abençoado pelo cardeal Joseph Malula, um dos mais brilhantes intelectuais de África.

 

 

Zunái: A literatura é o lado que mais se evidencia em prejuízo das outras atividades que exerceu? Onde andam o professor, o médico veterinário e o político, em diálogo com a peripécia?

 

João Maimona:  Uma pergunta simpática, embora oculte alguma face de injustiça. Entre literatura e trabalho de pensamento; entre exercício de atividade profissional, docente e a ação política, sempre procurei ultrapassar fronteiras para revelar traços peculiares. A atividade docente, por exemplo, não se exerce apenas entre as paredes de um estabelecimento de ensino. Ir ao encontro do gado bovino com a energia do veterinário, reunir jovens que se dedicam à pecuária, transmitir conhecimentos e prodigar conselhos… Um instante autêntico de atividade docente e fi-lo nos últimos anos da minha longa estadia de intenso trabalho no parlamento, nos dias sabáticos. No terreno da confêrencia!? Também estive presente proferindo confêrencias em diversos círculos, dentro e fora do país. Outro exemplo de importante significado histórico: em 2005, participei no encontro de quadros na província do Huambo, de regresso a Luanda, a bordo de uma magnifica aeronave e com ilustres interlocutores, tomei a liberdade de abordar um tema que vai adquirindo uma dimensão particular na vida dos povos e num contexto de modernidade: Expressividade local, diversidade e conquista cultural – o caso de Angola.

 

Lamento ter tido o monopólio da palavra ao longo da conversa. Tive o privilégio de superiorizar conceitos como mapa cultural, investimento emocional, manifestação événementielle, proximidade distante, vernaculidade, hábitos alimentares, vocação de integração. No final da conversa, um dos meus interlocutores reconheceu ter realizado, simultaneamente, naquela tarde, duas viagens: a primeira de avião para Luanda, e a segunda, pela voz de Maimona, para o domínio das ciências sociais.

 

 

Zunái: Como leitor, acredita que a poesia em Angola ainda acontece ou ela está parada no útero da noite e no propalado empobrecimento criativo evidente em parte nalguns poetas, ou pensa ainda que a quebra das tertúlias e a ausência de revistas literárias terá contribuido para tal situação? Que opinião tem sobre a poesia hoje?

 

João Maimona:  Em Angola, existe uma paisagem poética que atrai simpatias de leitores de diversos horizontes. Conheço poetas que cultivam a vontade de compromisso com a estética. São poetas portadores de textos que estão à altura dos novos tempos. Têm a preocupação de reinventar a palavra. A insuficiência de culto na produção literária traduz apenas uma parte da realidade de animação cultural no país. Todos aqueles que assumem a relação com a literatura devem optar por uma inversão de percurso. Isto é sair de um percurso de apatia, um percurso de inércia para um percurso de participação ativa, um percurso de combate no universo de animação cultural. Acredito plenamente na inversão de percurso. Em breve, teremos espaço para a divulgação da literatura de ideias.

 

 

Zunái: Será que a poesia em Angola e a literatura, de uma maneira geral, tem espaços para a sua divulgação? O que pode falar da relação, por um lado, poesia e ensino e, por outro, poesia e media, esta última agravada com a atitude da atual direção do Jornal de Angola de suprimir o suplemento Vida cultural?

 

João Maimona:  A poesia em Angola faz parte das mais belas manifestações do registo histórico do olhar. Reconhece-se um sentido de divulgação da poesia. Reconhece-se um sentido de crescimento em termos de produção. Reconhece-se um sentido de vontade de desenhar uma nova geometria, uma nova história: a ruptura com traços convencionais. O instante é de inovação. Lamentável é o fato de a intellegentia angolana não dispor de espaços para a divulgação da literatura de ideias. Desapareceu o suplemento cultural do Jornal de Angola que aparecia como um autêntico vetor de comunicação. Um elemento unificador no universo das diferentes formas do comportamento social.

 

 

Zunái: Sente-se realizado como poeta, ou será que depois desse edificio poético que ostenta só atingiu o zero (A. Neto), para começar a celebrar o lugar e a origem da beleza?

 

João Maimona:  Uma pergunta simpática que me leva a falar do meu percurso. É uma história que se inicia com as leituras de Paul Claudel, Saint Jonh – Perse, René Char, Eugénio de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Tchicaya U Tam Si e António Jacinto. Leituras que fizeram com que eu adquirisse um choque poético. É na decada de 70 que começo a dialogar com a palavra poética. Assim fui andando, conciliando os estudos de medicina veterinária, a atividade profissional e o trabalho de pensamento. Eu diria que me sinto feliz. Por ser uma referência obrigatória da literatura angolana. Por ser um expoente da poesia elegíaca. Por ter sido considerado o melhor poeta surgido no pós–independência. Por ser uma voz nova, uma nova postura, uma nova visão que entraram direito na poesia angolana. Fui falando e retomando palavras de outras vozes sobre a minha obra poética. Agora diria que me sinto feliz por ser criador de palavras e imagens que apaixonam. Graças à poesia, sinto-me colocado numa estrada que me permite olhar para o mundo e para os homens que o constroem.

 

 

Zunái: Como se pode exercer poder em literatura? Simplesmente pela qualidade estética das propostas artísticas vistas de forma isolada, ou na relação destas com as instáncias de validação? Este poder existe entre nós e, se existe, como é que se exerce?

 

João Maimona:  A felicidade de dialogar com uma pergunta suntuosa. Tratar-se de uma substância multifacética. Vou me instalar numa estrada peculiar como forma de melhor posicionamento para poder proporcionar a minha interpretação. Já tive instantes em que me fechava imediatamente numa pesquisa que consistia em identificar o lugar do poder em literatura. Encontrei na minha poesia um ribeiro de encanto. Identifiquei uma poesia que reclama prospecção. E comecei a dedicar à palavra uma dimensão que pudesse ironizar sobre a gramática da criação. O poder em literatura é o encontro com a liberdade. Na minha relação com a poesia, eu procuro ir à frente da palavra. Associar as coisas mais heterogéneas possíveis. E enfim acreditar nessa junção de coisas heterogêneas. E surge uma linguagem peculiar. Própria, que se incorpora num quadro de temas diversificados. A acentuação do registo dos mais diversos dramas, episódios e pormenores de convivência no seio duma comunidade humana. Mas também a auto-representação dos sentimentos, emoções e ideias. Minha paixão é afirmar a essência ou o sentido da tristeza na minha poesia, porque me sinto intrinsecamente inclinado para a poesia que pode refletir perguntas sobre a existência do ser humano, forma fundamental e mais elevada da consciência social, como sustentam os filósofos e nós, os poetas.

 

 

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